Lesão é considerada leve e tratamento do craque, que vai envolver fisioterapia, deve durar de duas a três semanas
– No caso do Neymar, foram os posteriores de coxa, que nascem lá na nádega e descem até a região posterior do joelho. Geralmente, a lesão acontece na junção entre o músculo e o tendão, chama junção músculo-tendina, que é a parte mais fraca, e está ligada a desequilíbrio muscular. Às vezes, a musculatura anterior da coxa é muito mais forte do que a posterior – explica o médico.
- Grau 1 – quando tem reação inflamatória da fibra, mas sem ruptura;
- Grau 2 – quando a fibra rompe parcialmente, iniciando a formação de hematoma;
- Grau 3 – quando há ruptura completa e faz o músculo engruvinhar.
– Quando a gente considera grau 1, não tem perda de continuidade de tecido. É uma lesão leve, então o tratamento basicamente é fisioterapia para ajudar nesse processo inflamatório. Esse tempo geralmente pode durar duas ou três semanas e depende da resposta individual, porque isso está relacionado ao estado nutricional e ao tempo de recuperação celular – explica a ortopedista e médica do esporte Ana Paula Simões.
Como consequência da distensão, Neymar manifestou um edema, termo médico que caracteriza o inchaço do músculo. Segundo Ana Paula Simões, o craque tem um quadro de inflamação na coxa, que é como “se o músculo tivesse líquido por dentro”, o que gera inchaço, dor, calor e vermelhidão.
A lesão pode estar relacionada ao histórico físico de Neymar, como sugerem os médicos. O atleta ficou mais de um ano fora dos gramados após romper o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo em outubro de 2023, e só neste ano voltou a jogar com regularidade – fez sete jogos pelo Santos no Paulistão. O longo tratamento que passou com a grave lesão e o excesso de carga após seu retorno podem ter influenciado no novo problema físico.
– No caso do Neymar, como foi operado o ligamento cruzado, se foi utilizado enxerto para reconstruir o cruzado dos posteriores de coxa, pode ter ficado com desequilíbrio muscular. Apesar da reabilitação ter sido bem feita, pode ter ficado desequilibrada a musculatura e isso predispõe dar lesão – cita Adriano Leonardi.
– Geralmente, isso significa sobrecarga, ou seja, provavelmente o tempo que ele ficou parado e agora está fazendo muitos jogos, está gerando uma sobrecarga – completa Ana Paula Simões.
A princípio, a lesão de Neymar não preocupa. Como se trata de grau 1, o retorno para o esporte é rápido. Com fisioterapia bem feita, ele deverá estar de volta em duas ou três semanas. Depois, se fizer trabalho de fortalecimento e prevenção, dificilmente voltará a ter o problema, explica Leonardi.
Conforme a médica, a introdução ao esporte de alta intensidade deverá acontecer com um programa progressivo. Já é certo que o jogador está com uma rotina de fisioterapia no CT Rei Pelé e em casa, com profissionais que trabalham com ele.
Eliminado do Paulistão, o Santos fará sua estreia no Brasileirão em 30 de março, contra o Vasco, fora de casa.
Fontes:
Adriano Leonardi (@dr.adrianoleonardi) é médico ortopedista e médico do esporte, especialista em cirurgia de joelho e colunista do EU Atleta.
Ana Paula Simões (@DraAnaPSimoes) é médica ortopedista e médica do esporte, colunista do EU Atleta.